A percepção é a construção ativa de um estado neural que se correlaciona a elementos biologicamente relevantes do ambiente. Esta correlação, longe de estabelecer uma representação fiel do mundo, guia nossas ações na elaboração de comportamentos adaptativos, sendo, portanto, condicionada por fatores evolutivos. Já que a construção de um percepto é um processo intrinsecamente ambíguo, discrepâncias perceptivas podem surgir a partir de condições idênticas de estimulação. Essas discrepâncias são denominadas ilusões, e se originam dos mesmos mecanismos fisiológicos que produzem a nossa percepção cotidiana. Derivando de diferentes fatores, tais como ópticos, sensoriais e cognitivos, as ilusões visuais são instrumentos úteis na exploração das bases fisiológicas da percepção e de sua interação com o planejamento e execução de ações motoras. Aqui, examinamos as origens biológicas das ilusões visuais e algumas de suas relações com aspectos neurobiológicos, filosóficos e estéticos.
Perception is the active construction of a neural state that correlates with biologically relevant elements present in the environment. This correlation, far from affording a one-to-one mapping, nonetheless guides our actions towards adaptive behaviors, thus being forged under evolutionary constraints. Since the construction of a percept is an intrinsically ambiguous process, perceptual discrepancies can arise from identical stimulation patterns. The recognition of these discrepancies is termed illusion, which originates, however, from the same physiological mechanisms that ordinarily lead to standard perception. Emanating from different sources, such as optical, sensory and cognitive factors, visual illusions are useful tools in accessing the physiological basis of perceptual processes and their interaction with motor planning and execution. Here we examine the biological roots of visual illusions and their interplay with some neurobiological, philosophical and esthetical issues.